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Quando

  • Writer: Luiz Garcia
    Luiz Garcia
  • Oct 1, 2015
  • 1 min read

Luiz Garcia

Quando acordar do sono profundo

sentirei apenas o peso da saudade

estarei livre, enfim, da miopia e da miragem

alheio ao ciclo infeliz das ansiedades terrenas

Quando fechar estes olhos

e reabri-los para distinguir a luz de outra aurora

faltar-me-á - eu sei - o sorriso dos filhos

o calor da amante

o conforto da amizade dos que bem quis

Quando me despojar desta veste

pelo tempo e pelo pecado corrompida

sobreviverá comigo o pesar do que não fiz

o lamento da promessa que descumpri

Quando me render, finalmente, à lei que a tudo põe fim

sozinho estarei mais uma vez

cruzando a fronteira absoluta

as mãos vazias, a voz retida pelo assombro

o olhar seduzido pela magia da grande cruzada

Quando, enfim, for o fim dos dias

a tristeza de uns será o festejo de outros

e eu, que terei deixado este palco de dor e deleite

de tudo serei saudoso

da cruz, que me enterneceu o espírito

e do prazer, que me fez encontrar no riso,

a chave para o mistério de Deus.

 
 
 

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