Insólito
- Teresa Du´Zai
- Mar 15, 2015
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Emoções, emoções, minha vida é feita de emoções, ínfimas para mim. Eu preciso de mais. Ainda que as cartas de Artaud ao doutor Ferdière tenham me feito chorar, não foram suficientemente tristes para mim. Eu não vivi em Rodez, tampouco fui tratada com eletrochoques ou estive tão abalada a ponto de desejar que o mundo ouvisse meus gritos de dor; ainda que eu me sinta uma super mulher quando ouço “Oh, Pretty Woman”, não fui eu quem inspirou Roy Orbison para torná-la uma das canções mais tocadas de todos os tempos; ainda que os diamantes que cobrem “or the Love of God “ me pertencessem, eu jamais lhes teria dado o mesmo significado que lhes deu Damien Hirst; ainda que eu fosse as cores que compõem o “Retrato do Doutor Gachet” eu não tive o privilégio de reconhecer seus passos se aproximando de minha varanda; e, por isso, e certamente por muito mais, não o pintei com a sensibilidade de Van Gogh; talvez eu pudesse ter sido o protagonista iluminado de Stanley Kubrick, mas eu sequer conheci Overlook; talvez eu pudesse ter sido a Marília de Dirceu, ou de Bocagge, ou a Dinamene de Camões, mas a vida campestre me entendia e a fúria marítima me acovarda; eu nunca bati na porta do céu, mas, nos anos 90, Guns N' Roses me levou muitas vezes ao paraíso com Knockn’On Heaven’s Door, ignorando Bob Dylan, seu verdadeiro autor, apenas porque já nao tinha a beleza e a sensualidade do vocalista da banda americana, Axl Rose; “O Retrato de Dorian Gray” de Oscar Wilde, a possibilidade de não envelhecer e de agir instintiva e friamente me fascinaram, mas o momento de despir a tela e deparar-se com o que deveria ter sido foi, é, incompreensível para mim.
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